Fumaça em Manaus
Entre 27 e 28 de setembro, a cidade de Manaus (AM) foi encoberta por fumaça. Com o céu cinza e o cheiro forte de fogo, o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) declarou a qualidade do ar como ruim nos dois dias. Segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), a fumaça foi resultado de focos de queimadas registrados nos municípios de Iranduba, Autazes, Rio Preto da Eva e Itacoatiara.
Essa não foi a primeira vez que Manaus viveu situação semelhante. Nos dias 7 e 20 também de setembro, moradores da cidade relataram problemas com fumaça. Entre 17 de agosto e 5 de setembro, o Amazonas liderou o ranking do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com mais de 5 mil focos de calor, conforme reportagem publicada pela agência Amazônia Real.
A fumaça, nunca antes vista nesta proporção pelos moradores, causou irritação nos olhos, mal estar, dores de cabeça, enjoo e dificuldades para respirar. Os sintomas são relatados ainda hoje.
[Extra]
Atrelado à fumaça, o Amazonas passa por uma seca extrema que está causando danos históricos, como a morte de mais de 100 botos e a destruição de toda uma comunidade no município de Beruri.
Seca: passa de 100 o número de botos mortos em lago da Amazônia - ((o))eco
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Crédito de carbono em terra pública
Nesta última segunda-feira (2), o G1 Pará publicou a reportagem Fraude na Amazônia: empresas usam terras públicas como se fossem particulares para vender créditos de carbono a gigantes multinacionais, mostrando que grandes multinacionais estão comprando créditos de carbono em terras públicas. Isso até pode ocorrer de forma legal, mas precisaria de autorização dos órgãos estaduais e de aviso prévio às comunidades locais, o que não ocorreu.
A reportagem conta que a Defensoria Pública do Pará está investigando a atuação da empresa Verra, uma das maiores empresas certificadores de crédito de carbono do mundo. A Verra teria vendido os créditos para empresas como Air France, Boeing, Braskem, Toshiba, Samsung UK, Kingston, Barilla, as farmacêuticas Bayer e Takeda, e o Liverpool, clube de futebol da Inglaterra.
A reportagem é assinada pelo jornalista paraense Taymã Carneiro e as jornalistas Isabel Seta, Giaccomo Voccio. A reportagem está bem apurada e vale a leitura para entender o tema que tem sido alvo de apurações constantes dos jornalistas que fazem cobertura ambiental.
Exploração madeireira ilegal no Xingu
Mesmo ocupando o ranking de terceira cidade mais desmatada neste ano, o prefeito de Feliz Natal (MT), José Antonio Dubiella, continua trazendo regressão para o estado. Agora, uma fazenda em seu nome, está envolvida em uma rede de ramais que explora ilegalmente madeira no Parque Indígena do Xingu.
Localizada em Ubiratã (MT), a fazenda cruzou o limite do Parque em julho de 2021. Desde a sua chegada, foram devastados 0,71 km² em 2021 e 2022, que representa o total do que foi registrado em todo o território em um ano.
Além de já ter sido alvo da operação Desbaste, o prefeito de Feliz Natal (MT), junto com o Altamir Kurten (PSDB), prefeito de Cláudia (MT), também são investigados por crimes como inserção de dados falsos e lavagem de dinheiro.
A história foi investigada pelo repórter Leandro Melito e publicada na InfoAmazonia.
Esta edição da Tipiti teve a colaboração de Ariel Bentes, Ellâny Vlaxio, Gabriel Veras e Jullie Pereira.