Altas temperaturas
Em 5 de setembro, data da nossa última edição, o jornal The Washington Post publicou reportagem mostrando o resultado de uma pesquisa que analisou quais as cidades mais quentes do mundo nos próximos anos.
Belém está em segundo lugar entre as cidades que passarão por uma quantidade maior de dias com calor extremo. Serão 222 dias extremamente quentes em 2050, na capital do Pará.
A cidade de Pekambaru, na Indonésia, está em primeiro lugar, com 344 dias de calor extremo. Leia uma versão em português aqui.
São diversos os exemplos de extremos climáticos na Amazônia. As enchentes dos rios estão cada vez maiores, atingindo níveis históricos nos últimos anos e colocando a vida de centenas de pessoas em risco, como mostra o site O Vocativo.
As secas severas atingem a locomoção colocando em isolamento comunidades ribeirinhas, mostra o G1 Acre. Calendários agrícolas estão sendo modificados, colocando a população amazônica em altos índices de insegurança alimentar, já contou a WWF.
Para quem vive na Amazônia, é perceptível o aumento do calor, especialmente neste ano. São relatos cotidianos da fadiga, do cansaço, das dores de cabeça. Em conjunto ao calor, a cidade de Manaus, por exemplo, respira fumaça desde o início do mês.
O motivo é o mesmo: o período de calor, seca e queimadas na Amazônia. O sul do Amazonas é uma das regiões com maiores índices de queimadas, o que leva a fumaça a percorrer um caminho até Manaus.

Ataques e ameaças
A liderança indígena Paulo Borari, pajé conhecido do movimento indígena local, foi alvo de ataques homofóbicos, injúria e racismo religioso no dia 11 de setembro, em Santarém (PA). Paulo, que mora com o amigo Darlon da Silva Santos, também teve a sua casa depredada por pedras.
“E aí começou esse horário lá, da madrugada, um ataque muito feio de pedra e ele ameaçando bastante, ele queria matar, por causa que eu era gay, que nós era viado e porque era do demônio. Ele tava dizendo que nós era parte do demônio por causa da religião, que a gente tem. Essa foi a forma que ele achou pra atacar a gente”, relatou Paulo, em entrevista ao Tapajós de Fato.
Além de Paulo, recentemente outra liderança indígena foi ameaçada em Santarém. Em reunião com o Ministério Público Federal (MPF), no dia 11 de setembro, o cacique Dadá Borari, da Terra Indígena Maró, contou que recebeu uma ligação com ameaças a ele e ao grupo de vigilantes que monitora a região.
Segundo ele, a ligação foi feita por um madeireiro, conhecido como Kiko, que atua dentro do território indígena.
Saiba mais sobre os ataques nas reportagens de Marta Silva e Damily Yared, ambas publicadas no Tapajós de Fato.
Exploração na Amazônia
A mineradora canadense Potássio do Brasil deve perder o direito de explorar minério na Terra Indígena do povo Mura, em Autazes, no Amazonas. A Justiça Federal determinou que o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) suspenda a licença da empresa.
Essa história já foi contada em detalhes pela Amazônia Real. A empresa é acusada de ter assediado os indígenas, perfurando suas terras sem autorização e comprando lotes e lotes a preços baixos. A luta do povo Mura dura há quase dez anos.
Em junho deste ano, a mineradora foi denunciada na Comissão de Valores dos Estados Unidos (SEC, em inglês), por omitir informações dos seus investidores sobre a exploração de potássio em terras indígenas.
“Identificamos uma série de omissões e informações falsas sobre o projeto de mineração de potássio em Autazes, diretamente relacionadas a questões ambientais e indígenas”, disse a advogada Fernanda Bragato, coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), à reportagem da InfoAmazonia.
[Extra]
Poluição! Aumentaram as doenças respiratórias em São Luís - Agência Tambor
Esta edição da Tipiti teve a colaboração de Ariel Bentes, Ellâny Vlaxio e Jullie Pereira.