Há um ano, no dia 13 de março de 2020, o estado do Amazonas confirmou seu primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus, o primeiro caso registrado na região amazônica.
De lá pra cá, precisamos aprender a viver sob o “novo normal”, seja lá o que isso signifique. Em meio a protocolos, planos de contingência, comitês de crise e medidas restritivas, vimos surgir um grupo negacionista, cego pela ideologia e pela desinformação.
No turbilhão, os estados da Amazônia Legal confirmaram, até esta segunda-feira (15), 1.692.859 casos da Covid-19 e 40.233 mortes em decorrência do novo coronavírus, conforme monitoramento do InfoAmazônia.
Infelizmente, em meio à pandemia, o Norte se tornou manchete nos principais veículos noticiosos do país e também na imprensa internacional. O coronavírus trouxe à tona um histórico de descaso e esquecimento para com a região, que se mostrou mais vulnerável diante do vírus.
Seja pela falta de estrutura hospitalar adequada, pelos desertos de assistência hospitalar, pela crise econômica e social que privou os mais pobres de uma quarentena adequada. Nós sentimos mais forte os impactos da Covid-19.
E não só pelo vírus. No ano da pandemia, vimos também nossa terra ser perdida. Garimpeiros, grileiros, desmatadores e latifundiários aproveitaram a pandemia para passar a boiada, nos levando a lamentáveis recordes de desmatamento e queimadas não só na Amazônia.
Também vimos a luta dos povos tradicionais ante o novo vírus. Sem os devidos cuidados do Estado, como já foi denunciado à exaustão, os povos indígenas resistiram como puderam.
Em especial, a luta pela sobrevivência da cultura, já que, para indígenas, os mais idosos são como bibliotecas, guardando a memória e as tradições de um povo. Justo eles, que fazem parte de um dos grupos de risco para a Covid-19.
Também nesta semana, ultrapassamos a marca de mil indígenas mortos em decorrência do vírus, segundo o Comitê de Vida e Memória Indígena.
A verdade é que a crise sanitária apenas evidenciou tantas outras crises que já vivíamos. O Norte merece mais atenção. A Amazônia merece espaço e vez.
Amazônia à venda
Após publicação de uma reportagem da BBC Brasil, o Supremo Tribunal Federal determinou a investigação sobre como pedaços de terra na Amazônia habitados por povos indígenas foram colocados à venda no Facebook.
A investigação jornalística mostrou que a plataforma digital concentrava uma série de anúncios de venda de terra em áreas protegidas, inclusive trechos recém-desmatados, para a produção rural.
Em outro ponto, a investigação revela que há a perspectiva de regularização das terras ilegalmente ocupadas a partir de anistias concedidas pelo Congresso Nacional, permitindo que invasores obtenham o título de posse das áreas.
A reportagem, que também está disponível em formato de documentário, mostra ainda outras estratégias usadas por grileiros para avançar sobre as terras protegidas da Amazônia.
A Abaré lançou esta semana a oficina online Como fiscalizar seu governante, que trará técnicas e estratégias jornalísticas que podem te ajudar a acompanhar gastos, ações e propostas de autoridades locais.
A oficina acontecerá no sábado, 27 de março, às 10h (horário de Manaus), pela plataforma Zoom. As inscrições, é claro, são gratuitas.
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