Falta de financiamento expõe um futuro de desastres
Edição 42 da Tipiti traz um balanço do resultado da COP29, com notícias socioambientais publicadas por veículos especializados
Frustração na COP29
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29) terminou com a tentativa frustrada de alcançar um acordo de financiamento climático global. Em reportagem, a Agência Carta Amazônia conta que os países aprovaram a destinação de US$ 300 bilhões por ano até 2035 para financiar o enfrentamento às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. A estimativa era que esse número chegasse a US$ 1,3 trilhão.
“Além disso, o texto não coloca os países desenvolvidos como responsáveis (mas sim “na dianteira” dos esforços), não determina que esse financiamento deve ser público (o que pode diluir as fontes e responsabilidades) e abre espaço para que parte do aporte seja feito através de mecanismos de empréstimo (o que é visto como risco de endividamento pelos países em desenvolvimento)”, diz a reportagem.
Esse foi o resultado que, agora, o Brasil vai precisar remediar na COP30, em Belém. O objetivo no próximo ano é fechar as novas metas climáticas de cada país, as chamadas NDC’s, ou Contribuições Nacionalmente Determinadas, que indicam os tetos de emissões de gases de efeito estufa.
A ideia era que, com o resultado da COP29, os países soubessem o quanto de recurso teriam disponíveis para atingir metas ambiciosas de redução de emissões. Com um valor tão inferior ao que se esperava é provável que as NDC’s não sejam suficientes para impedir a elevação de 1,5ºC.
Leia mais sobre o resultado da COP29 e as expectativas para a COP30 na reportagem da Carta Amazônia.
Povos indígenas contra a Ferrogrão
Durante a COP29, a liderança do povo Munduruku, Alessandra Korap, fez um manifesto contra o projeto da Ferrogrão, ferrovia que deve ligar os estados do Mato Grosso e Pará. O Tapajós de Fato noticiou a fala de Alessandra, destacando os danos que uma estrada nessa extensão pode causar às terras indígenas da região.
"Só no Rio Tapajós, são 41 projetos de portos, 27 já em operação, sendo que apenas cinco estão licenciados. Pedimos respeito: parem com a Ferrogrão e todos os empreendimentos que destroem nossos rios e nossa cultura", disse a líder indígena.
Leia a matéria no Tapajós de Fato.
Co-presidência da COP30
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) está solicitando do governo brasileiro uma co-presidência indígena para liderar a COP30. Os líderes pedem que o Brasil se comprometa com o fim da exploração de combustíveis fósseis.
A Amazônia Real conversou com Auricélia Arapiuns, do conselho deliberativo da Coiab. Ela fez críticas à política ambiental do Pará, estado sede da COP.
“Esperamos que não seja apenas um evento, mas um espaço de movimentos sociais e de manifestação popular, para o povo mostrar o que é a Amazônia e o que é o Pará. Um estado que atropela os direitos dos povos indígenas, que passa por cima de nós como um trator. Que fala bonito, que usa inclusive alguns parentes para ter legitimidade neste contexto”, afirmou Auricélia à Amazônia Real.
Leia a reportagem completa da Amazônia Real.
[Extras]
COP29: “Há uma grande infelicidade girando em torno de dinheiro” - Agência Pública
COP-29: O agronegócio está no centro da meta climática brasileira, e não gosta disso - Sumaúma
Doe para Abaré!
A Abaré Escola de jornalismo é uma organização sem fins lucrativos e independente! Para continuar na luta contra a desinformação e no fortalecimento do jornalismo local, precisamos do seu apoio. Doe qualquer valor para a chave pix contato@abare.jor.br (Banco Cora SCD S.A). Aqui, seu gesto faz a diferença!
Esta edição da Tipiti teve a colaboração de Jullie Pereira e Nicole Baracho.