Por Gabriel Veras
Uma das primeiras pautas que pude trabalhar com profundidade, no início de 2018, estava relacionada à comunidade Nossa Senhora do Livramento, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Tupé, zona rural de Manaus.
No meio do rio Negro, a única forma de chegar à comunidade era pelos ajatos, pequenos barcos a motor. Como diz Leandro Tocantins, na Amazônia, o rio comanda a vida.
Mesmo assim, no Livramento, ao abrir a torneira você não que saia água. Embora cercada pela maior bacia hidrográfica do mundo, a comunidade é umas das tantas outras que sofrem com o desabastecimento de água tratada.
Na comunidade do Livramento ter um poço é motivo de alegria e também de ascensão social. A indígena Anacá Miranha, que reside na comunidade desde 1992, é uma dessas pessoas. Ela contou, na época, que quem não tem poço precisa ferver água do rio para beber.
Ano passado, visitamos mais uma vez o Livramento. A situação permanecia a mesma. Em ano de pandemia, quando a higienização é um dos meios mais eficazes de combater o vírus, moradores e moradoras do Livramento enfrentam dificuldades no acesso à água.
Situação semelhante acontece em diversos bairros periféricos de Manaus. Na capital, o desabastecimento é histórico. De um lado, o sistema hídrico é precário, agravado com as quedas de energia elétrica, por outro, há uma aparente falta de interesse de gestores públicos.
A falta de água, é claro, não é exclusiva do Amazonas. Em toda a região Norte, segundo dados do Trata Brasil, só 57% das pessoas têm acesso a esse serviço.
Nesse Dia da Água, a luta é para que toda a população da Amazônia tenha acesso a água tratada e de qualidade.