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Após um mês de agressões, mais uma comunidade yanomami foi atacada a tiros por garimpeiros. Desta vez, o alvo foi a comunidade Maikohipi, na região de Palimiú, na TI Yanomami, em Roraima.
Apesar da violência dos garimpeiros ilegais, que têm utilizado armamentos pesados contra os indígenas, a região de Palimiú não recebeu qualquer ação de reforço na segurança.
As constantes denúncias são feitas pela Hutukara Associação Yanomami (HAY). À Amazônia Real, o vice-presidente da HAY, Dário Kopenawa, disse que os garimpeiros chegaram com quatro barcos, ameaçando os Yanomami.
“[…] a situação continua tensa, não acalmou nada. Os Yanomami estão correndo risco ainda, porque não tem nenhuma proteção, não temos segurança”, relatou.
Ao todo, seis ofícios já foram encaminhados relatando os episódios de violência na região. Confira a cronologia da violência na TI Yanomami:
Esta semana, um levantamento do Instituto Socioambiental (ISA) mostrou que, desde janeiro de 2019, houve um aumento de 363% de área degradada pelo garimpo na TI Munduruku, no sudoeste do Pará.
Nesta região, o município de Jacareacanga também é palco de agressões e invasões de garimpeiros ilegais, que circulam livremente nos territórios “protegidos”.
Em um comunicado, o Movimento Ipereg Ayu denunciou as ameaças que seguem circulando pela região.
“Continuamos a ser atacados. Os serviços públicos não funcionam, Jacareacanga é cidade sem lei”, diz o texto.
Enquanto apelam por uma reação do Estado, indígenas resistem, como podem, contra a explosão da atividade ilegal e a destruição dos territórios.
A cheia do rio Negro em 2021 já é a maior em 118 anos de medição no Amazonas.
Alcançando a marca de 30 metros, as inundações destruíram roças e põem em risco segurança alimentar de comunidades inteiras nas cabeceiras dos rios.
Segundo o governo estadual, a subida das águas afetou pelo menos 16 mil famílias.
As cada vez mais frequentes cheias históricas levam a um desequilíbrio ecológico, que afeta também a produção agrícola nestas comunidades. Os impactos, principalmente na agricultura familiar, levam anos para serem recuperados.
Em São Gabriel da Cachoeira, no interior do estado, o professor Juvêncio Cardoso, do povo Baniwa, relata um comportamento diferente do rio Ayari, afluente do Negro que vem da Colômbia.
“Na época que era para ter sol e água mais baixa no rio, o nível se mantinha em alta porque não parava de chover. Então não teve como ter reprodução de daracubi e isso acabou dificultando a pescaria. Em decorrência da enchente também não houve ambiente para o peixe fazer piracema. Esse é um fenômeno importante no ciclo da cadeia de subsistência indígena na região amazônica”, disse ao ISA.
Outro impacto da enchente sentido pelos comunitários é o aumento de doenças, como a malária.
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