Até ensaiei me animar com a saída de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente, anunciada na última quarta-feira (23). Mas não dá para esquecer as pessoas que estão no comando do governo federal. Partindo de Bolsonaro, Salles pode até sair, mas a boiada continua a passar.
A semana que marcou a saída do ‘anti-ministro’, apelido pelo qual Salles ficou conhecido, foi também a semana de novos ataques físicos e políticos aos povos indígenas no Brasil.
No Congresso Federal, a pauta era o Projeto de Lei 490/2007. Elaborado por ruralistas, o PL inviabiliza as demarcações, anula terras indígenas e escancara esses territórios para empreendimentos predatórios.
Em Brasília, indígenas mobilizaram um Levante pela Terra, com a representação de mais de 40 povos. O movimento é em defesa dos direitos constitucionais dos povos indígenas sobre suas terras.
A Polícia Militar de Brasília agiu violentamente contra indígenas que protestavam pacificamente, na terça-feira (22). A repressão deixou três pessoas feridas e outras dez passando mal, em virtude do gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha.
Um dos pontos mais criticados no texto do PL é a tese do marco temporal, segundo a qual os povos indígenas só teriam direito às terras que estivessem em sua posse em 1988, quando a Constituição foi promulgada.
Na prática, se aprovado, o projeto vai inviabilizar as demarcações, permitir a anulação de Terras Indígenas e escancará-las a empreendimentos predatórios, como garimpo, estradas e grandes hidrelétricas.
Na mesma quarta da saída de Salles, o PL foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, ignorando a participação dos povos indígenas, os mais afetados pela proposta.
Diversidade amazônica
Em 2021, o Dia do Orgulho LGBTQIA+, celebrado nesta segunda-feira (28), será marcado, além das tradicionais pautas da comunidade, pela luta e resistência à pandemia da Covid-19.
A não adoção de medidas para proteger as pessoas LGBTQIA+ durante a emergência sanitária imposta pelo vírus é mais uma das violências que esta população vivencia cotidianamente.
A jornalista Izabel Santos escreveu sobre os efeitos da pandemia sobre a população LGBTQIA+ do Amazonas. Clique aqui para ler a reportagem completa.
Outro ponto de forte impacto na comunidade LGBTQIA+ é a empregabilidade. Segundo uma pesquisa da empresa de consultoria Santo Caos, 38% das empresas afirmam que não contratariam pessoas LGBTQIA+ e 61% dos funcionários LGBTQIA+ no Brasil escolhem esconder sua orientação sexual no trabalho.
Este cenário acaba levando ao empreendedorismo. Em Belém, o casal Rafael Ferreira, homem transgênero e pansexual, e a mulher cisgênero e também pansexual, Danyelle Duarte, são os idealizadores da barbearia Studio TmanBarber, no bairro do Telégrafo.
O espaço conta com mais dois homens trans, que atuam como barbeiros, e tem como um dos principais objetivos atender pessoas LGBTQIA+ que não se sentem confortáveis em barbearias onde de modo geral o ambiente é machista e lgbtfóbico.
Tanto Rafael como Danyelle contam que já tiveram experiências com o trabalho formal e ambos passaram por situações de constrangimento e preconceito nos locais devido a suas orientações sexuais e identidades de gênero. Esse foi um dos motivos que fez o casal criar há três anos o seu próprio empreendimento.
“A gente ainda encontra aquela dificuldade de poder ou não ser o que a gente é. Às vezes a gente fica pensando se é legal mesmo colocar uma bandeira enquanto pessoas LGBTQIA+, sendo que isso pode nos tornar um pouco mais vulneráveis e desagradar alguns clientes. Mas o que faz a gente seguir é o nosso ideal de acolher quem realmente importa em nosso espaço, que são as pessoas LGBTQIA+”, pontuou Danyelle.
Por trás do ouro
Você já se perguntou de onde vem o ouro de seu anel, brinco, pingente ou colar? Ele pode ter sido extraído ilegalmente da Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
Amazônia Real e Repórter Brasil lançaram o especial Ouro do Sangue Yanomami, com sete reportagens que revelam a rota do garimpo na TI Yanomami.
O especial é composto de sete reportagens que mostram desde o início da extração do ouro na TI, passando por atravessadores até chegar às chiques joalherias.
[EXTRA]
Região Norte foi a principal porta de entrada de migrantes em 2020 - Correio do Lavrado
#LutoIndígena: Yanomami lutam na justiça pelo direito de velar seus mortos - UOL Ecoa
Separação entre Amazônia e Caribe ajudou a formar atuais espécies de peixe-boi - Portal Amazônia
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