Há anos, o Brasil vinha lutando para que a fome não fosse mais uma realidade na vida milhões. Na contramão disso, o governo federal sob o comando de Jair Bolsonaro tem desmantelado políticas públicas e a insegurança alimentar voltou a assombrar os brasileiros.
A Covid-19 vem deixando marcas tanto nos hospitais quanto nas mesas dos brasileiros. Em todo o país, as famílias tiveram uma redução drástica no consumo de alimentos saudáveis como carne, frutas, queijos, hortaliças e legumes durante a pandemia.
Segundo um estudo de pesquisadores da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Brasília (UnB), os moradores de 59,4% dos domicílios brasileiros viveram algum nível de insegurança alimentar entre os meses de agosto e dezembro de 2020, com 15% relatando insegurança alimentar grave – quando a falta ou redução da quantidade de alimentos se estende às crianças do domicílio.
A pesquisa descobriu ainda que a insegurança alimentar é mais grave em lares chefiados por mulheres (73,8%), por pessoas de raça ou cor parda (67,8%), preta (66,8%), com crianças de até 4 anos (70,6%), mais pobres, com renda per capita de até 500 reais (71,4%), localizados nas regiões Nordeste (73,1%), Norte (67,7%) ou em áreas rurais (75,2%).
Até 2013, os índices de insegurança alimentar medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vinham diminuindo. Na última medição, entre 2017 e 2018, a taxa era de 36,7%, a maior desde 2004.
Diante desta realidade, a fome, agravada pela crise econômica e sanitária, é um dos problemas sociais mais urgentes em uma terra devastada por múltiplos colapsos.
Além da pandemia, a cheia dos rios também afeta a segurança alimentar na região. Um exemplo, são os indígenas da TI Kaxinawá Nova Olinda, localizada no município de Feijó, no Acre. Segundo uma reportagem do jornalista Fábio Pontes, da Agência Amazônia Real, roçados e plantações foram destruídos pelas inundações e a qualidade da água foi comprometida.
Nos centros urbanos, o componente econômico é um dos principais fatores para entender a insegurança alimentar. Muitos brasileiros sofreram com a disparada dos preços dos alimentos ao longo do ano.
No ano passado, o governo federal concedeu um auxílio emergencial, inicialmente de R$ 600 e depois de R$ 300, às pessoas mais afetadas pela pandemia. Neste mês, o governo retomou o pagamento, com valor médio de R$ 150. Diante da alta nos preços, muitos consideraram o valor insuficiente perante a realidade das famílias brasileiras.
Ouvido pelo repórter Waldick Junior, do jornal Em Tempo, o sociólogo Francinézio Amaral falou que a fome não deve ser naturalizada como consequência apenas da pandemia, mas sim associá-la às mudanças políticas que país sofreu a partir de 2016.
A pandemia e a diversidade
Ne segunda edição da pesquisa Jornalistas manauaras em meio à pandemia, a equipe da Abaré fez um levantamento que tenta, a partir de um questionário respondido por jornalistas de 28 veículos, medir como a pandemia do novo coronavírus afetou a diversidade nas redações de Manaus.
Apesar de perceptível quando olhamos imagens das redações de Manaus, o que ficou claro, a partir dos dados coletados, é que as redações manauaras estão menos diversas e essa é uma realidade que deve ser enfrentada pelos gestores no pós-pandemia.
Olhar para a falta de diversidade é o primeiro passo para nos tornarmos mais diversos. Por isso, te convidamos para conferir os dados completos da pesquisa.
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