#10 lamento de raça
“O índio chorou, o branco chorou
Todo mundo está chorando
A Amazônia está queimando”
Se o poeta Emerson Maia, que nos deixou essa semana, escrevesse seu inesquecível Lamento de Raça em 2020 certamente não incluiria o presidente Jair Bolsonaro ao dizer que “todo mundo está chorando” pela queimada da floresta amazônica.
Contrariando a esmagadora maioria dos especialistas e a realidade vivida pelos povos da floresta, o presidente disse essa semana que a Amazônia não “arde em fogo” e convidou embaixadores e representantes de países a sobrevoarem região entre Manaus e Boa Vista.
Segundo Bolsonaro, eles não acharão nem um quarto de hectare desmatado. “Essa floresta é preservada por si só. Até mesmo pela sua pujança, bem como por ser floresta úmida, como em grande parte dos senhores, não pega fogo", sustentou o presidente.
A fala do chefe do Executivo não se sustenta diante dos dados de seu próprio governo. Em julho, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou um crescimento de 28% nos focos de incêndio na Amazônia, em comparação com o mesmo mês do ano passado.
(Foto: João Laet/Repórter Brasil)
A declaração do presidente se deu exatamente um ano após o Dia do Fogo, que triplicou os focos de incêndio no sudoeste do Pará nos dias 10 e 11 de agosto de 2019.
O jornalista Cesar Gaglioni, do Nexo, listou os erros de Bolsonaro ao falar sobre as queimadas na Amazônia.
A ordem é privatizar
O governo federal estima arrecadar cerca de R$ 120 milhões por ano com a concessão de florestas públicas à iniciativa privada, Segundo documentos obtidos com base na Lei de Acesso à Informação, a ideia é ampliar em 300% a área de florestas concedidas, a maioria na Amazônia.
Confira todos os detalhes na reportagem da agência Fiquem Sabendo.
[EXTRA]
Florestas do Acre podem ser mais afetadas por incêndios, diz Nasa - Amazônia Real
Indígenas escolhem novo cacique da comunidade Parque das Tribos - A Crítica
'A gente supõe que já existia um acordo do ministro com os garimpeiros', diz Munduruku - Instituto Socioambiental
ESTA SEMANA
Pesquisadores do Instituto Socioambiental (ISA) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) elaboraram uma nota técnica analisando a probabilidade de disseminação da Covid-19 na região do Alto Rio Negro.
O estudo não descarta a possibilidade de um segundo pico de disseminação no noroeste amazônico quando consideradas as diferentes dinâmicas sociais e fluxos de circulação entre as localidades rurais e sedes municipais.
Em São Gabriel da Cachoeira, município conhecido por concentrar a maior população indígena do país, os números na região mostram tendência de interiorização da doença.
A pesquisa destaca que o aumento do fluxo entre comunidades e ambiente urbano tende a causar aumento de casos nos territórios indígenas.
Em memória de Emerson Maia
Antes de ir…
Queremos agradecer a você que se inscreveu e chegou até aqui. Queremos agradecer também à nossa equipe de colaboradores. Esta edição teve a participação dos jornalistas Anna Reis e Gabriel Veras.
Se você gostou do nosso conteúdo, compartilhe a Tipiti com seus amigos.
Bem, por hoje é só. Até semana que vem!